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May 27, 2023

Livros didáticos mexicanos geram polêmica sobre ideologia e tabus

Os novos manuais escolares promovidos pelo governo mexicano desencadearam uma batalha entre o presidente de esquerda e os opositores que os queimaram e levaram o caso ao mais alto tribunal.

Os críticos alegam que os livros promovem o comunismo, a homossexualidade e contêm erros factuais.

Eles querem que o governo se abstenha de distribuir os materiais a partir de segunda-feira, quando milhões de estudantes iniciarão um novo ano letivo no país latino-americano.

Um dos protestos mais radicais ocorreu no estado de Chiapas, no sul do país, onde pais de um bairro indígena atearam fogo a livros que diziam ser obra do “diabo” e ensinavam “comunismo, homossexualidade e lesbianismo”.

Estimular a “sexualidade dos nossos filhos com este tipo de ideologia... dá origem à pedofilia”, disse José Tomas Bermudez, um pastor evangélico local.

O presidente do conservador Partido da Acção Nacional (PAN), da oposição, Marko Cortes, apelou aos pais para “destruírem (os livros) na sua totalidade”.

Falando num contexto de campanha para escolha de candidatos às eleições presidenciais de 2024, Cortes alegou que os textos procuram “doutrinar” os estudantes.

O presidente Andrés Manuel López Obrador, um populista de esquerda, descreveu a disputa como “politicagem” provocada por oponentes conservadores.

Ele ataca frequentemente o que chama de modelo económico “neoliberal” dos seus oponentes, que favorece os mercados livres e a privatização, e prometeu derrubá-lo quando chegou ao poder em 2018.

O líder mexicano criticou a decisão do Supremo Tribunal de suspender a distribuição dos livros nos estados de Chihuahua e Coahuila, no norte do país.

“É medieval”, disse López Obrador sobre a queima do livro, comparando-o a algo “da Inquisição”.

O seu governo afirma que os novos materiais reconhecem a diversidade do país e colocam a comunidade no centro da educação.

As autoridades de pelo menos oito dos 32 estados do México recusaram-se a distribuir os livros.

Embora tenha concedido duas liminares, o STF ainda não se pronunciou sobre o mérito da questão.

No estado central de Aguascalientes, governado pela oposição, milhares de pessoas marcharam em protesto contra o que chamaram de "ideologias marxistas" difundidas pelos novos livros.

A ministra da Educação, Leticia Ramirez, defendeu os novos materiais didáticos, que, segundo ela, promovem valores como solidariedade, honestidade, respeito e justiça social.

Os livros marcam uma mudança em relação à promoção anterior do “individualismo, do desligamento da comunidade e do conhecimento mecânico”, disse ela em entrevista coletiva televisionada.

Os críticos apontam vários erros factuais nos livros, incluindo a data errada de nascimento de Benito Juarez, o primeiro presidente indígena do México.

Também alegam parcialidade no conteúdo, como a afirmação de que “a esperança foi a alma da campanha” que levou López Obrador ao poder em 2018, e a alegação de que ele foi vítima de fraude eleitoral em 2006.

jla/dr/acb

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